Casa das Rosas – a pérola da Av. Paulista
A Casa das Rosas é um casarão localizado na Avenida Paulista n°37, com visitação GRATUITA. (Museu→ terça a domingo, 10 às 17:30h. Jardim→ segunda a domingo, 7 às 22h).
Datada do período áureo dos barões do café, foi construída em 1935, e é um dos poucos casarões que ainda restaram de pé, pois todos os outros foram demolidos para que prédios fossem construídos no lugar. Por isso, a Casa das Rosas tem hoje um valor histórico de grande importância.
Entenda a história: a Avenida Paulista
A Avenida Paulista foi criada no final do século 19, a partir do desejo das pessoas em morarem longe dos centros mais movimentados. Naquela época, houve grande expansão imobiliária em terrenos de antigas fazendas, o que deu início a um período de grande crescimento. Não havia apenas residências de maior porte, mas também habitações populares, casebres e até mesmo cocheiras em toda a região.
A Paulista no dia da inauguração, 8 de dezembro de 1891. (Aquarela de Jules Martin).
A avenida foi aberta seguindo padrões urbanísticos relativamente novos para a época. Os casarões possuíam regras de implantação que caracterizaram uma ruptura dos estilos urbanos tradicionais. Incorporavam os elementos da arquitetura eclética, tornando a Avenida Paulista um lugar de vários estilos misturados, de períodos e lugares diversos. Com casarões isolados no meio dos lotes, cercados de jardins sem muros, configurava um estilo urbano diferente do restante da cidade.
Av. Paulista (1902).
Em 1909, a Avenida Paulista tornou-se a primeira via pública asfaltada de São Paulo, utilizando material importado da Alemanha, uma novidade até mesmo na Europa e nos Estados Unidos.
Av. Paulista (1928).
Esse perfil estritamente residencial da Avenida Paulista permaneceu até meados da década de 1950, quando o desenvolvimento econômico da cidade começou a trazer para a região os novos empreendimentos comerciais. Durante as décadas de 1960 e 1970, começaram a surgir os característicos "espigões", edifícios de escritórios com 30 andares em média. Nesse período, a avenida passou por uma profunda reforma paisagística. As pistas destinadas aos veículos foram alargadas e foram construídos os atuais calçadões.
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A Casa das Rosas então representa a fase em que a Avenida Paulista passou a ser habitada por industriais e comerciantes enriquecidos. Todas as casas começaram a ser demolidas, mas a Casa das Rosas resistiu. Eu digo que resistiu porque na parte lateral do terreno, foi construído um edifício comercial, mas o projeto só foi autorizado de maneira que fossem respeitadas todas as características de preservação do casarão.
Em 1985, a Casa das Rosas foi tombada pelo Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico e de lá pra cá, já foi restaurada algumas vezes.
É considerada parte integrante de diversas obras de renome assinadas pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo, que também projetou a Pinacoteca do Estado, o Teatro Municipal e o Mercado Municipal.
A casa foi habitada durante os primeiros 51 anos de sua existência. A primeira a ter o casarão como residência foi uma das filhas de Ramos de Azevedo, Lúcia Ramos de Azevedo que o dividiu com seu marido, Ernesto Dias de Castro. A residência foi passada ao filho do casal Ernesto Dias de Castro e Anna Rosa, sua esposa.
A desapropriação do imóvel se deu em 1986 e foi realizada pelo Governo do Estado de São Paulo, que administra o imóvel até hoje. Em 1991, a Secretaria da Cultura implantou na Casa das Rosas uma Galeria Estadual de Arte, um espaço para acolher exposições temporárias voltadas à literatura e poesia.
Após a morte do poeta Haroldo de Campos, seu acervo pessoal foi doado à Secretaria da Cultura do Estado em 2004. Como proposta destinada à nova função da Casa das Rosas, o local foi designado para receber o tão respeitável acervo. A partir dessa decisão foi concebido o Centro Cultural Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.
A Casa das Rosas por dentro
O imóvel tem 4 andares: sótão, porão, andar térreo e andar superior. Ao longo do terreno de 5.500 metros quadrados podemos encontrar oito quartos, escritório, salas, cozinha, copa, lavanderia e garagem, além de uma bela varanda em seu andar térreo e terraços à céu aberto.
Os Vitrais foram executados pelos mesmos q fizeram os vitrais do Teatro Municipal.
Os quartos são usados para os educadores darem explicações ou palestras.
Esse quarto virou sala multimídia.
Porta de entrada principal.
A logística arquitetônica da casa não esconde a desigualdade vivida entre os moradores e empregados. As áreas de circulação dos serviçais são notoriamente diferentes das áreas circuladas pelos patrões. Isso é visto pela claridade, tipo de materiais de construção, cores, tipo de vidros, pisos etc. Há passagens secretas usadas pelos empregados para que os proprietários da casa não precisassem olhá-los na cara (olha o absurdo!), campainhas de pé (no chão) para serem chamados, e portas e paredes espelhadas para que os visitantes não tivessem o “desprazer” de verem os serviçais transitando “do outro lado”. Coisas absurdas, mas comuns na época.
Escada de empregados, de madeiras que rangem propositalmente, para que os donos da casa soubessem onde os empregados estavam.
Piso de madeira nobre, com desenhos geométricos feitos a mão.
Piso da varanda.
Essa é a porta de vidro espelhado, para q os visitantes não enxergassem os empregados do outro lado.
Amei esse banheiro rosa! Olha que luxooo! E o chão de mármore?
Olha eu, num banheiro verde de 1935, com as louças todas importadas, vindas da Europa!
O Jardim
O jardim é bem cuidado e cheio de rosas mesmo (por isso o nome Casa das Rosas). Tem um chafariz e bancos para as pessoas sentarem e apreciarem toda a atmosfera.
Onde funcionava a garagem, hoje existe uma charmosa cafeteria.
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Ana Cassiano
Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.