Serras Catarinenses - Sul do Brasil
- As serras mais turísticas
- Urubici
- Serra do Corvo Branco
- Serra do Rio do Rastro
- Morro do Campestre
- Cachoeira Papuã - Piso de Vidro
- Morro da Igreja - Pedra Furada
- Cascata Véu de Noiva
- Canyons do Sul do Brasil e Voo de Balão
As Serras Catarinenses ficam em uma região com vários parques de Mata Atlântica conservada, com montanhas e paredões altíssimos de rocha e fendas formando penhascos com vistas sensacionais de cachoeiras e trilhas. As estradas que cortam as serras são sinuosas e muito peculiares, tornando a paisagem ainda mais bonita e especial.
As serras mais turísticas
Nós escolhemos nos hospedar em Urubici. Muitos pontos turísticos da região das Serras Catarinenses ficam no Parque Nacional de São Joaquim, onde fica Urubici. Isso facilitou bastante a logística do nosso roteiro.
Muita gente também opta em ficar em Lauro Müller ou São Joaquim. A verdade é que nas serras tem muitas cidadezinhas com pousadas, a maioria de madeira, bem rústicas e típicas. A região é a mais fria do Brasil no inverno, e isso atrai muitos turistas que buscam ver geadas ou até mesmo neve. Eu fui no verão, mas imagino no inverno o frio que faz ali! Porque a região é muito alta com muitas serras realmente.
Nós subimos pela Serra do Corvo Branco e descemos pela Serra do Rio do Rastro. Ficamos em Urubici por 3 dias. Achei suficiente para conhecer tudo ao redor.
Urubici
Urubici é um município do estado de Santa Catarina bem pequeno, com cerca de 11 mil habitantes. A cidade fica a uma altitude de 918 metros e para subir até ela são usadas as duas rodovias mais bonitas e pitorescas da região da Serra Catarinense, a Estrada do Rio do Rastro ou a Estrada do Corvo Branco. As duas são pontos turísticos bem procurados e dirigir nelas é uma experiência única. Vou falar delas já já.
Como eu já disse antes, muitos pontos turísticos da Serra Catarinense ficam a poucos quilômetros de Urubici, o que facilitou bastante a logística do nosso roteiro. Urubici é uma cidade pequena, mas tem ótima estrutura para receber turistas. Tem ótimas pousadas e excelentes restaurantes. Nós comemos super bem por lá.
Catedral de Urubici.
Ficamos hospedados na Pousada Abraço Serrano. Eu recomendo. Os donos são uns amores, Fábio e Silvana. (49) 3278-4903
A região se destaca no cultivo de maçã (Gala e Fuji). A melhor época é de fevereiro a maio. Estivemos lá em fevereiro e por todos os lados a gente via maçãs nos pés e nas barraquinhas de beira de estrada. Nessa época as estradas ficam cheias de caminhões que transportam a fruta para o resto do país.
O Chimarrão é uma bebida muito consumida por lá. É um hábito cultural muito forte no sul do Brasil. Vimos bastante chimarrão durante nossa viagem pelo estado.
Outra coisa importante que eu gostaria de dizer é sobre a cerração. Em área de serra há muita neblina e cerração. Isso é normal. Mas para que isso não atrapalhe seus passeios (prejudicando a visibilidade) não saia muito cedo ou não deixe passeios para o finalzinho da tarde. São nesses dois horários que a cerração está mais forte. O melhor horário para fazer os passeios é entre as 9:30 e 17h.
Não se assuste se seu dia amanhecer com muita cerração. O povo de lá (que já está acostumado) diz que "neblina baixa é sol que racha"! Pude observar que é assim mesmo. Eu bati fotos em um mesmo dia, uma às 7 da manhã e outra às 9:30h. É impressionante como o tempo abre rápido. E fica um dia lindo!
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As atrações turísticas ficam perto de Urubici. Dá para visitar várias delas no mesmo dia. Vou falar das principais agora.
Serra do Corvo Branco
São 59 Km de estrada que levamos 1 hora para subir. O famoso trecho da estrada é o que vai da cidade de Grão Pará à Urubici (Rodovia SC370) que corta a Serra do Corvo Branco. Essa rodovia guarda uma das paisagens mais incríveis de Santa Catarina.
A maior parte da estrada é de chão batido e está em más condições, com muitos buracos e pedras grandes pelo caminho. Fomos de Jeep e mesmo assim o carro sofreu bastante. Não recomendo carros baixos por ali.
No meio da subida, a gente avista a Pedra do Corvo Branco, o que dá o nome à serra. Os nativos que habitavam ali notaram a presença do Urubu-Rei e o chamaram de Corvo Branco por causa das suas penas de cor predominantemente branca. Tem uma rocha que se parece com um Urubu-Rei pousado nela, então a serra passou a ser chamada de Corvo Branco por causa dessa pedra.
A estrada começou a existir através da trilha que os tropeiros (comerciantes) deixavam ao longo da serra. Em 1920 começou a construção de trilha para estrada, mas as obras demoraram 60 anos, devido à dificuldade do relevo. A estrada que existe hoje só foi inaugurada em 1980.
Apesar do mal estado de conservação, a estrada é um ponto turístico bastante visitado porque ela é bem pitoresca e diferente da grande maioria das estradas que a gente tem costume de passar. Dirigir nesse trecho requer atenção (e coragem) mas a vista é maravilhosa. Realmente vale à pena passar por essa experiência.
A estrada é estreita e tem muitos caminhões. É proibido, mas eles vão mesmo assim.
O ponto mais famoso da estrada é "A Garganta". Uma rocha de 90 metros de altura teve que ser cortada ao meio com dinamite para que a estrada pudesse passar. Isso ocasionou em um corte vertical fantástico na rocha arenítica, o maior já realizado no Brasil.
Urubici fica à 28 Km desse ponto, então nós voltamos lá duas vezes para admirar a beleza do lugar. Ali tem um mirante. Muita gente para, tira fotos e fica apreciando a vista por um tempo.
Vá entre as 9:30 e 16:30h para evitar a cerração, pois a neblina pode prejudicar a vista.
Serra do Rio do Rastro
ATENÇÃO: O melhor horário para visitar o mirante é entre 11h e 16h, de manhã há muita cerração e no fim da tarde é mais frio e também tem incidências de neblina. Eu fui às 16h. O melhor período do ano para visitar é o verão.
A Serra do Rio do Rastro é um dos cartões-postais do estado de Santa Catarina, a mais de 1421 metros de altitude, com muitas matas e cachoeiras.
A estrada que corta a Serra do Rio do Rastro é a maior atração turística da região. É uma estrada que desafia a natureza. Ela tem um traçado radical, cheio de curvas fechadas. Em 8 Km são mais de 250 curvas! A estrada do Rio do Rastro foi considerada fantástica e espetacular, devido sua configuração física e pelo seu inusitado geográfico.
A estrada tem 34 Km (1 hora para subir ou descer) e começa na cidade de Lauro Müller e segue até Bom Jardim da Serra. A subida é muito íngreme e as curvas são muito fechadas e acentuadas. Tem que dirigir com muito cuidado e bem devagar. O bom é que a estrada é asfaltada e tem boa sinalização e iluminação à noite.
Para dar conta do relevo e suportar as condições climáticas e do solo, a estrada não pôde ser construída em asfalto. Ela é feita de concreto, igual pista de aeroportos, para resistir às erosões e deslizamentos. A estrada é muito estreita. Caminhões têm que manobrar para fazer as curvas e os carros têm que parar e esperar as manobras.
Um mirante localizado em seu topo proporciona uma visão panorâmica incrível a 1.400m de altitude. Dali se tem a melhor vista do lugar. No mirante tem restaurantes, lojas, banheiros e um posto da polícia rodoviária.
O melhor horário para visitar o mirante da serra é entre 11h e 16h, de manhã há muita cerração e no fim da tarde é mais frio e também tem incidências de neblina. Eu fui às 16h. O melhor período do ano para visitar é o verão, pois o inverno é realmente congelante, venta muito e pode até nevar. Mas, independente de quando visitar leve um casaquinho na mochila.
Além da vista, a grande atração do mirante são os Quatis. Eles já se acostumaram com a presença dos turistas e circulam por ali numa boa. Eles são atrevidos viu! Gostam de roubar comida da mão das pessoas, rs.
Morro do Campestre
Tem uma propriedade privada, linda, uma fazenda enorme que fica à 8Km de Urubici. Para entrar na fazenda eles cobram 15 reais por pessoa. Lá tem restaurantes e banheiros. Pra variar, a estrada é de terra (como a maioria da região). Mas vale super à pena. Foi um dos lugares mais lindos que já conheci nas Serras Catarinenses.
A entrada da fazenda e a Pedra do Campestre lá no alto.
Dentro da propriedade fica o Morro do Campestre, uma pequena colina com uma formação rochosa de arenito em forma de arco no topo, à 1380 metros de altitude. Um lugar fantástico!
Podemos subir com o carro até os pés da colina. De lá tem que ser a pé mesmo. Há uma longa escadaria, mas a gente vai subindo aos poucos, parando para descansar e admirar a beleza do vale. Se prepare porque você vai bater 1 milhão de fotos!
Deixe para ir no fim do dia, durante o pôr do sol. A luz é perfeita, o contraste com o céu é um sonho. Um lugar perfeito para fazer um book fotográfico. Aliás, lá tinha uns 2 casais com fotógrafos profissionais fazendo justamente isso, um álbum de casamento.
As pessoas exploram todo os lugares ao redor da rocha. Os mais corajosos até sobem nela, como foi o caso do meu marido. A vista é divina!
Eu nunca vou me esquecer desse lugar.
Cachoeira Papuã - Piso de Vidro
A Cachoeira Papuã fica numa propriedade privada à 6 Km de Urubici. Nessa cachoeira tem um deck de observação com piso de vidro em forma de leque. O lugar é muito bonito realmente. Para entrar e visitar eles cobram 15 reais por pessoa. Foi inaugurado em 2020.
Obs: Não confunda com a Cascata do Avencal. Lá também tem um piso de vidro, mas é retangular e bem menor. E a cachoeira é bem baixa também, não impressiona sabe! Nós vimos da estrada. A Cachoeira Papuã é mais bonita. Fica na mesma estrada da Avencal, porém 1,8 Km à frente.
A sede da Cachoeira Papuã é grande e arejada, onde funcionam um restaurante e banheiros.
Os donos da propriedade construíram uma passarela de madeira bem bonita que leva até o deck de observação. É um lugar fácil para caminhar com bancos para descansar e totalmente acessível para cadeirantes.
O caminho é cercado por uma bela floresta de Araucária e de árvores de Erva Mate.
Papuã é uma vegetação rasteira originária da África. Os antigos moradores daqui deram esse nome à cachoeira devido a semelhança dessa gramínea ao redor dela.
A passarela de madeira tem cerca de 300 metros de extensão e ele termina no mirante de vidro.
A plataforma fica em um precipício de cerca de 120 metros de altura de onde podemos admirar duas cachoeiras belíssimas.
O passeio é relativamente rápido. Ficamos cerca de 1 hora por lá. Mas tem que ir! Foi um passeio lindo.
Morro da Igreja - Pedra Furada
A Pedra Furada é uma marca registrada de Urubici. Ela fica à 26 Km da cidade. É uma formação rochosa bem interessante que fica num vale e tem um furo bem no meio. Ela fica no Morro da Igreja, dentro do Parque Nacional de São Joaquim.
Eu pensei que tivesse uma igreja lá, mas o funcionário do parque me disse que não. O nome foi dado no passado pelo jesuítas que chegavam de cavalo pela trilha. Eles vinham de baixo para cima e quando avistaram a pedra, acharam parecida com uma capela ou oratório de igreja (onde colocam as imagens dos santos dentro). Então o nome ficou sendo Morro da Igreja.
MAS ATENÇÃO: Para entrar no parque precisa de uma AUTORIZAÇÃO! Tem que entrar no site do ICMBio (Instituto Chico Mendes, que é um órgão controlador do meio ambiente) e pedir uma autorização via e-mail 1 dia antes da visita. No dia da visitação passar na sede e pegar os ingressos (grátis). Na entrada do parque tem uma guarita onde fica um funcionário pegando os tickets. Sem esse ticket não entra!
A estrada até lá é ótima e asfaltada.
Entrada do parque e controle de tickets.
É um lugar muito bonito que fica dentro de uma área militar. É aqui que a aeronáutica comanda todo o espaço aéreo do sul do Brasil. Todos os voos e aviões que sobrevoam o sul e aparecem nos radares são controlados daqui. Essa construção que parece um prédio com uma bola no alto é a torre de comando. Só operam aqui militares da aeronáutica. Eles moram aqui. Ao lado da torre tem uns alojamentos. Isso torna o lugar o mais alto habitado do sul do Brasil.
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O Morro da Igreja possui 1.822 metros de altitude, sendo o ponto habitado mais alto da região Sul e onde foi registrada a temperatura mais baixa do Brasil: -17,8 °C, em 29 de junho de 1996. Coitado dos soldados!
Chegando no mirante tem um estacionamento e um deck de madeira bem bonito que serve de observatório. No lugar não tem restaurante nem banheiros! A permanência por lá tem que ser rápida, apenas 15 minutos, para dar lugar a outros visitantes. O funcionário da guarita controla a entrada dos carros. Quando sai um, entra outro.
A vista é incrível... E a Pedra Furada fica bem no meio de tudo isso!
Cascata Véu de Noiva
Custa 10 Reais por pessoa para visitar. Fica à 16 Km de Urubici. Site oficial clique AQUI
Ao lado da portaria do Morro da Igreja/Pedra Furada tem uma estradinha de terra que vai dar em uma pequena estância. Vale a pena dar uma entradinha para ver. A visita é bem rápida, ficamos uns 30 minutos por lá.
Fizeram uma coisa bem bonitinha no lugar. Construíram uma vila, com jardins de hortênsias, chalés para hóspedes e restaurante. Tem até um Boneco de Neve! Isso mostra que o lugar é forte no inverno e deve receber muitos turistas nessa estação.
Descendo pelo jardim a gente chega em uma pequena cachoeira bem bonitinha, chamada Véu da Noiva. Como não é muito alta, eles chamam de cascata. Ali também tem uma tirolesa, diversão garantida para a criançada.
Canyons do Sul do Brasil e Voo de Balão
À 250 Km das Serras Catarinenses ficam os Canyons do Sul do Brasil. É uma região lindíssima que fica no estado de Santa Catarina na divisa com o Rio Grande do Sul. É considerado o maior complexo de cânions da América do Sul.
É uma região com vários parques de Mata Atlântica conservada, com paredões altíssimos de rocha e fendas formando penhascos com vistas sensacionais de cachoeiras e trilhas.
É lá que acontecem os voos de balão. A região é chamada de "Capadócia Brasileira".
Para ver tudo sobre minha viagem pelos Canyons do Sul do Brasil clique AQUI
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Ana Cassiano
Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.